O vice-líder do Governo na Câmara conversou com o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil

Na tarde da última quarta-feira (06), o vice-líder do Governo na Câmara, deputado Evair de Melo, promoveu uma reunião virtual com o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Márcio José Remédio, para discutir o potencial de produção do potássio no Brasil. O objetivo da iniciativa é a busca de alternativas para fomentar a produção nacional de insumos e matérias-primas para o agronegócio, a fim de reduzir a dependência brasileira das importações de fertilizantes. 

A pauta da reunião virtual envolveu os estudos mais recentes do Serviço Geológico do Brasil sobre as áreas com potencial para exploração de minérios que servem de matéria-prima para fabricação de insumos agrícolas no Brasil, principalmente o potássio. Participaram das discussões representantes de várias entidades, associações e cooperativas do agronegócio, que tiveram a oportunidade de conhecer os trabalhos realizados no Brasil, sobre os chamados agrominerais.

REMINERADORES DE SOLO

“O SGB desenvolve projetos de pesquisa sobre o fosfato e o potássio, dois dos principais insumos para a agricultura, que juntamente com o nitrogênio, constituem a formulação NPK. Segundo dados da Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil (Ama), 96% do potássio e 55% do fosfato utilizados nas lavouras do país são importados. Por isso, estamos atualizando informações acerca de diversos projetos sobre remineralizadores de solo, que possibilitam a recuperação de áreas para plantio a partir do uso de descartes da mineração, que se tornam um produto importante para a agricultura”, explicou Evair de Melo, que é vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e membro titular da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados.

Segundo ele, a projeção para a próxima década é de que a produção agrícola do Brasil salte dos atuais 250,9 milhões de toneladas (2019/20) para 318,3 milhões de toneladas, um incremento de 27%. “Tendo em vista este panorama, é fundamental que o país amplie pesquisas voltadas para aos insumos agrícolas, tanto para a produção dos fertilizantes convencionais, como para fertilizantes alternativos”, afirmou Evair, que também preside a Frente Parlamentar do Cooperativismo e a Frente Parlamentar Mista do Comércio Internacional e Investimentos.

PANORAMA NACIONAL DA PRODUÇÃO DE POTÁSSIO

Durante a reunião virtual, o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM, Márcio Remédio, fez uma apresentação técnica sobre o panorama nacional da produção de potássio. Ele mostrou que o agronegócio brasileiro consumiu, em 2021, cerca de 14 milhões de toneladas de cloreto de potássio e que desse total, 13.1 milhões de toneladas (95%) foram importadas a um custo de US$ 4.2 bilhões.  “De todo o cloreto de potássio importado pelo Brasil, 32% vêm do Canadá, 26% da Rússia, 18% da Bielorrússia e 11% de Israel”.

Márcio Remédio também apresentou mapas dos recursos minerais encontrados na Bacia do Amazonas, identificando as regiões dos principais depósitos e jazidas de potássio, os locais onde foram feitas novas descobertas, as áreas prospectáveis e também as áreas restritivas (territórios indígenas e unidades de conservação). Os depósitos de alto teor ficam nas cidades de Nova Olinda do Norte e Itacoatiara, no Estado do Amazonas. 

BACIA DO AMAZONAS TEM MAIOR POTENCIAL

“A Bacia do Amazonas corresponde à área de maior potencial para a pesquisa e lavra de sais de potássio em curto e médio prazos: 4,5 bilhões de toneladas. Por isso, o desenvolvimento das jazidas de Autazes (Potássio do Brasil), Fazendinha e Arari (Petrobrás), no Amazonas, são essenciais para a redução da dependência desse insumo importante ao agronegócio brasileiro. A criação da zona de amortecimento ao redor de áreas indígenas no raio de 10 km tende a inviabilizar toda a jazida de Autazes e parte das jazidas de Arari e Fazendinha. E os depósitos de potássio do Estado de Minas Gerais são destinados à remineralização do solo, que podem substituir parcialmente a médio-longo-prazo, o uso de fertilizante convencionais”, explicou Márcio Remédio.

O Diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB-CPRM disse, ainda, que a utilização dos recursos minerais de potássio em Minas Gerais, para aplicação em fertilizantes convencionais, necessitam de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de extração, para fabricação de fertilizantes convencionais. Ele também falou sobre o exemplo do Canadá, onde o setor de mineração representou 7,59% do PIB do país (US$ 2,5 trilhões) em 2021.

O EXEMPLO DO CANADÁ

“A segurança jurídica e o apoio governamental em acordos com as comunidades tradicionais estão entre os fatores que levaram o Canadá a ser um dos melhores países para se investir no setor mineral. Dos 22 milhões de toneladas de potássio produzidos pelo Canadá em 2020, 4,2 milhões de toneladas foram vendidas ao Brasil (US$ 1,34 bilhão). O interessante é que os depósitos de potássio no Canadá se localizam em regiões que possuem a mesma natureza geológica da Bacia Amazônica”, disse Márcio Remédio.

Em sua apresentação, ele elogiou o governo canadense por atuar de forma decisiva na viabilização de acordos entre o setor produtivo e as comunidades tradicionais, viabilizando à distribuição das riquezas oriundas dos recursos naturais do país. “A mineração é um dos maiores empregadores da população indígena e tradicionais canadense, com 30 mil empregos diretos, que correspondem a 14,6% dos trabalhadores do setor mineral. Isso representa quase o dobro da média dos outros setores da economia, que é de 7%. A remuneração média dos trabalhadores indígenas a tradicionais do setor mineral representa o dobro da remuneração nos outros setores da economia”, salientou o Diretor do SGB-CPRM.

AMEAÇA AO AGRONEGÓCIO 

Ao final das discussões e após responder questionamentos e dirimir dúvidas dos participantes desta reunião virtual, Márcio Remédio destacou a importância do trabalho que o Serviço Geológico do Brasil tem realizado para viabilizar a produção de insumos agrícolas tão necessários para o desenvolvimento do agronegócio no Brasil. “O Brasil é conhecido mundialmente por ser uma potência agroambiental. Mas o fato de sermos quase 100% dependentes dos insumos de fertilizantes, ameaça o nosso crescimento. Por isso, temos que minimizar a dependência de minerais importados e promover a pesquisa tecnológica e a inovação na produção de remineralizadores e sua aplicação na agricultura. Estas diretrizes estão no Plano de Metas e Ações 2020/2023 do Programa Mineração e Desenvolvimento do Ministério de Minas e Energia”.

Para encerrar os trabalhos, o proponente da reunião, deputado Evair de Melo, lembrou que a mineração e a agricultura têm uma estreita relação. “A agricultura é responsável por 21% do PIB e pela geração de mais de 21% dos empregos no Brasil. A maior produção de commodities agrícolas depende também da oferta de fertilizantes. Por esta razão, estamos trabalhando na avaliação potencial de potássio e de outros agrominerais, para subsidiar o agronegócio e a economia brasileira, nesses tempos de crise”, finalizou o vice-líder do Governo na Câmara.

POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE POTÁSSIO NO BRASIL

O Serviço Geológico do Brasil disponibiliza no seu banco de dados (Rigeo) o informe sobre a Avaliação do Potencial de Potássio na Bacia do Amazonas e no Estado do Pará. O estudo avalia 51 poços (24 no Amazonas e 27 no Pará), por meio do acesso aos perfis litoestratigráficos cedidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O potássio é um dos principais insumos para produção de fertilizantes. A pesquisa apresenta as características dos depósitos de silvinita na Bacia do Amazonas e os compara com outras bacias sedimentares do planeta, a exemplo da região de Urais, na Rússia, e de Saskatchenwan, no Canadá, maiores exportadores de cloreto de potássio do mundo.

CICLO DE DEBATES CONTINUA

A reunião virtual realizada pelo deputado Evair de Melo, com o Diretor de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil faz parte de uma rodada de debates promovidos pelo parlamentar, em busca de alternativas para reduzir os impactos negativos do conflito Rússia X Ucrânia no agronegócio brasileiro, sobretudo em relação à importação de insumos agrícolas.  Nos últimos 30 dias, Evair já conduziu três discussões por videoconferência sobre a crise dos fertilizantes: uma com a participação de representantes de cooperativas, associações de produtores e entidades rurais do Espírito Santo; uma com a então Ministra da Agricultura Tereza Cristina, e outra com o Diretor de Projetos do Ministério da Agricultura, Luis Rangel. Na próxima semana  será realizada mais uma rodada, desta vez com a participação do presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti.

Ao longo dessa série de discussões, a iniciativa do deputado Evair vem sendo reconhecida como oportuna e necessária pelos participantes, devido à sua importância para o enfrentamento das dificuldades no campo e o desenvolvimento da agropecuária no Brasil. O registro de tantos elogios indicam que o parlamentar vem liderando esta frente de diálogo com grande diligência e prosatividade.  

Fonte: Assessoria do Deputado Evair de Melo