Estudo em hospital mostra que metade das crianças com SIM-P após infecção pelo coronavírus teve sintomas neurológicos

Um estudo feito pela Academia Americana de Neurologia concluiu que metade das crianças que tiveram SIM-P (síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica) após a covid-19 apresentou algum sintoma neurológico.

Os resultados, divulgados na terça-feira (13), apontam desde dores de cabeça, até encefalopatia e alucinações.

Há vários meses, a SIM-P após a covid-19 em crianças tem sido motivo de alerta para pais e médicos.

“Descobrimos que muitas crianças apresentaram sintomas neurológicos envolvendo os sistemas nervosos central e periférico”, afirma um dos autores do estudo, o médico Omar Abdel-Mannan, do University College London, no Reino Unido, e membro da Associação Americana de Neurologia.

Os pesquisadores analisaram todos os registros de indivíduos menores de 18 anos internados em um hospital de Londres entre 4 de abril de 2020 e 1º de setembro de 2020 e que haviam preenchido critérios para a síndrome inflamatória multissistêmica.

Foram 46 crianças com idade média de 10 anos, das quais 24 apresentaram sintomas neurológicos que não haviam experimentado anteriormente.

Vinte e quatro tiveram dores de cabeça, 14 tiveram encefalopatia, seis tiveram anormalidades de voz ou rouquidão, seis tiveram alucinações e cinco tiveram ataxia ou coordenação prejudicada.

Além disso, três crianças apresentaram problemas com os nervos periféricos e uma sofreu convulsões.

Segundo o estudo, as crianças com sintomas neurológicos “eram mais propensas a precisar de um ventilador e medicamentos para ajudar a estabilizar sua circulação sanguínea”, quando comparadas às crianças sem essas condições.

O autor do estudo destaca que a síndrome associada à infecção pelo coronavírus ainda é algo novo entre a comunidade médica e que precisa ser mais compreendida.

“As crianças que desenvolvem esta condição devem definitivamente ser avaliadas para sintomas neurológicos e resultados cognitivos de longo prazo. […] Mais estudos são necessários envolvendo mais crianças e acompanhamento delas para ver como essa condição muda com o tempo e se há algum efeito neurocognitivo de longo prazo.”

No Brasil, ao menos 736 casos de SIM-P e 46 mortes associadas à síndrome haviam sido registrados até meados de fevereiro, segundo o Ministério da Saúde.

Fonte: R7