Caso de polícia. Aconteceu no Hospital Infantil Francisco de Assis, em Cachoeiro de Itapemirim (Gravações)

Parece surreal, mas o caso da paciente Jocimara Vieira de Souza, 50 anos, que veio a óbito no dia 8 de agosto, virou inquérito policial e processo judicial. A família recebeu duas declarações de óbitos de dois médicos diferentes. Pela manhã, o primeiro certificou ausência de COVID-19 e pela tarde, outro médico, chama os familiares com emissão da causas mortis pelo coronavírus.

A desconfiança e desde que a saga da falecida começou na Unidade de Pronto Atendimento do Marbrasa, os familiares gravaram as opiniões de uma médica que revela negativo o teste de Covid-19 e do médico do Hospital Infantil que emitiu a declaração de óbito com coronavírus. Resultado, dois laudos e a família abriu denúncia na delegacia local e entrou na Justiça contra a instituição.

ENTENDA O CASO

No dia 25 de julho, 11h30, a doméstica Jocimara Vieira de Souza, 50 anos, deu entrada a UPA da Marbrasa. Sentido dores, ficou 24 horas sob observação até que o médico plantonista constatou grave infecção urinária e diabete alta. Recomendou imediato internação da paciente em UTI. O Município encontrou no sistema de regulação vaga no Hospital de Jerônimo Monteiro que não possui Unidade de Tratamento Intensivo.

Jocimara deu entrada no dia 28, às 20h35, no hospital e ficou até o dia 30. Neste meio tempo, o médico Carlos Magno disse para a família que ela tinha sobrevivido a um infarto. No dia seguinte, a médica Adriano Brito desmentiu o colega e declarou que houve precipitação na leitura do exame. Considerou um equívoco.

No dia 28, o hospital sem estrutura de internação daquela natureza e estado crítico da paciente, encaminhou-a para a UTI do Hospital Infantil de Cachoeiro de Itapemiriim, às 10h00. Por volta das 14h00, a ambulância do HIFA foi buscar Jocimara e chegou às 15h00 para internação na UTI isolada para COVID. No dia 28, às 23h00 fizeram a coleta para o exame que deu negativo, resultado que saiu no dia 29 por volta das 15h40. Em seguida, médico plantonista telefona para a família e informa que ela não estava com covid-19.

O diagnóstico repassado para os familiares era de infecção grave de urina e sintomas do diabete 1. A paciente ficou do dia 28 até o dia 2 de agosto isolada na UTI. O esposo Sadir Eulário, 65 anos, no dia 30, foi autorizado visitá-la. Ela estava sedada. O médico tirou a Jocimara da UTI para Covid e a colocou na UTI geral, com pacientes sem covid, considerando os exames negativos de o início.

No dia 3, a médica Jacira permitiu a visita dos filhos na UTI geral, mas disse que o caso dela se agravou para uma infecção generalizada. Estava entubada e anestesiada. No dia 8, por volta das 12h30, o médico Rafael Gomes ligou para a família comparecer ao hospital porque as chances eram mínima de sobrevivência, segundo ele.

No mesmo dia, por volta das 17h15, Jocimara veio a falecer por causa do choque séptico, bronco pneumonia e cetoacidade diabética. O óbito foi assinado pelo médico Daniel Caçador Légora.. A surpresa para a família fragilizada veio por volta das 21h00, quando o médico Gerllano Marcal chamou a família para informar um segundo óbito, dando causa da morte, o Covid-19, com a descrição: angustia respiratória adulta e COVID-19, alegando que uma coleta posterior da falecida deu positivo.

A funerária com dois tipos de óbitos ligou para o hospital e recomendou que fosse sepultada pelo segundo óbito, pelas vias das dúvidas. Não houve velório e os familiares deram adeus à Jocimara no dia 9 de agosto, no Cemitério Park, no IBC, pelo Plano Vida. Assim foi encerrada a primeira fase da saga da família que por cautela todos fizeram exames e todos deram negativos.

Uma outra fase recomeça nas área policial e judicial. No dia 14, depois de absorver toda trajetória de dores e angústia, os familiares deram queixa na delegacia denunciando a imposição de sofrimento do Hospital ao permitir que dois médicos emitissem dois lados. Segundo um dos filhos, o delegado disse que muitos reclamaram de óbitos com covid-19, supostamente, falsos, sem provas, mas naquele caso havia materialidade para prosperar uma investigação. No dia 18, o advogado da família entra na Justiça Cível.

Ao ser perguntado pelo filho Sander Vieira, se ele seguiu todos os protocolos do Conselho Federal de Medicina e do do Conseho de Ética de Medicina, em contato com o corpo, categoricamente, o médico Rafhael, do segundo laudo, disse que não e que não foi responsável pelo tratamento de Jocimara no último plantão e nem outro. Essa declaração levantou mais suspeita.

A narrativa é do filho Sander Vieira Nascimento que enviou para a redação da FOLHA DO ES dois áudios sobre a médica que confirma a ausência do COVID e do médico que deu o segundo laudo, numa confusão que só poderá ser desvendado por inquérito. E, se assim foi como aconteceu, uma investigação do CRM-ES será inevitável dos médicos envolvidos, principalmente dos emissores dos óbitos diferentes.

https://www.folhadoes.com/2018/arquivos/upload/files/Voz%20001–%20primeiro.mp3

A médica é Jaciara. A mesma fala que ela havia chegado em quadros muitos graves de Jerônimo monteiro e que tem uma infecção em curso e fala sobre o tratamento dessa infecção, ela fala que suspeita que a nova infecção era no sangue, mas três dias depois foi verificado que era infecção generalizada.

No minuto de 9:27, a médica afirma que quando ela chegou foi colocada em isolamento, pois suspeitava-se que ela tinha COVID.

No decorrer do áudio ela fala que minha mãe estava em estado grave de infecção e a diabetes piora, só isso não fala sobre COVID.

Nos minutos 14:41, ela afirma todos os problemas que minha mãe tinha eram infecção e a diabetes, que a diabetes altera a respiração . E afirma que ela possuí duas coisas graves a infecção e a descompensação de diabetes, somente.

Ou seja cuidaram dela o tempo todo somente sobre a infeção.

Ela ficou na UTI geral e não na UTI COVID-19 nesse dia.

E eles não suspeitavam mais que ela poderia ter COVID.”


https://www.folhadoes.com/2018/arquivos/upload/files/Voz%20005-%20segundo.mp3

“Esse áudio foi no dia 9 por volta das 5 horas pela manhã, quando ele me chamou para entregar a segunda declaração de óbito falando que ela tinha COVID.

O médico que fala com a voz mais baixa se chama Rafael Rocha, esse afirma que fizeram dois testes de COVID na minha mãe e os dois deram NEGATIVOS e não havia nenhum convicção que teria infectada com o COVID.

Eles afirmam que não sabem como ela pegou e nem podem afirmar como ela pegou.

E por não haver possibilidade de COVID, eles colocaram ela sem máscara no UTI geral para pacientes sem COVID.

Desconsideram toda a declaração de óbito anterior e doenças que ela tinha anterio assim como consta no prontuário.

E afirmou que ela morreu só de COVID.

Ou seja, todo o tratamento dela foi de algo que ela não tinha ?

Ele mesmo afirma que não sabia que foi pedido teste COVID nela no dia 8 quando assumiu o plantão.”


Fonte: folhadoes.com