Homem que havia levado a filha para consulta afirmou ter ouvido do médico que eles só estavam ali porque o serviço era gratuito. Pai da criança começou a filmar o que acontecia, mas o médico tentou tomar o telefone da mão dele.

Um pintor afirma ter sido agredido por um médico durante consulta em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vila Velha, na Grande Vitória, na tarde de sábado (12). O homem gravou o episódio, que ganhou repercussão nas redes sociais.

Segundo a Prefeitura de Vila Velha, o médico foi dispensado.

Em um dos trechos do vídeo, o pintor Vander Fernandes mostra a filha chorando e sendo amparada pela equipe da UPA Zilda Arns, que fica no bairro Riviera da Barra. Segundo ele, a confusão teria se iniciado depois que ele começou a gravar um vídeo, ainda no consultório, relatando o descaso do médico no atendimento da criança.

Em outro trecho da gravação é possível ver o momento em que o médico tentou tomar o celular de Vander. Segundo o pintor, nesta hora, ele foi chutado na perna pelo profissional.

Vander afirmou que procurou a UPA depois que a criança, que tem sete anos, reclamou de dor de garganta. Ele disse que o atendimento não demorou e que eles foram bem recebidos pela equipe, mas que, no consultório, o médico disse que a criança deveria ter sido tratada em casa e que o pai da menina só foi à unidade porque o atendimento é gratuito.

Indignado, o pai começou a gravar o que acontecia. Foi quando o médico se enfureceu e tentou tirar o aparelho da mão dele.

“Quando entrou no consultório médico, o médico perguntou ‘pai, o que a menina tem?’ Eu falei que ela estava reclamando de dor de garganta, estava com alguns carocinhos na garganta, e eu levei ela lá. Aí ele perguntou ‘mas ela teve febre?’ Eu falei que não, teve febre não. Aí, quando eu falei que não teve febre, ele falou assim ‘você está de brincadeira, isso aí é coisa para se tratar em casa, você tem que tratar em casa, você só está aqui porque é de graça, se tivesse que pagar você não estaria aqui'”, relatou Vander.

O pintor disse que levou a filha para a UPA assim que chegou em casa, depois de um dia inteiro de trabalho. Ele classificou o episódio como humilhante.

“Agora, quando eu falo com a minha filha que amanhã a gente vai voltar no médico ela entra em pânico. Porque foi uma coisa que foi muito constrangedor, tanto pra mim quanto para ela, uma criança”, contou Vander.

Outro caso

Vander e a esposa publicaram os vídeos nas redes sociais. Na postagem, outra pessoa afirmou ter passado por situações parecidas com o mesmo médico.

A operadora de telemarketing Millena Alves é mãe de uma criança de dois anos e afirmou que viveu um constrangimento durante a consulta com o médico. Ela só conseguiu levar o bebê até a UPA à noite, quando chegou do trabalho, e disse que ouviu do médico que aquela não era hora de criança passar mal.

“Aí eu falei com ele que não sabia que tinha hora pra criança passar mal, e muito menos para fazer exame em um pronto atendimento que é 24 horas”, contou Millena.

A operadora de telemarketing também afirmou que, assim como aparece no vídeo feito pelo Vander, o médico não usava máscara durante as consultas.

“O tempo todo, quando eu entrei na sala, ele sem máscara. Todo tempo ele ficou sem máscara”, afirmou Millena.

O médico que aparece nas imagens é Alberto Chamovitz. Ele foi procurado pela reportagem para dar a versão dele sobre o caso. Por mensagem, ele disse que constituiu advogado e que entraria em contato através dele. Falou também que tudo será conduzido seguindo os trâmites legais. O posicionamento não foi enviado até a última atualização desta reportagem.

O pintor que afirmou ter sido agredido pelo médico disse que chamou a Polícia Militar, registrou um boletim de ocorrência e vai levar o caso para a Justiça.

“Agora eu vou tomar providências não só pela minha filha, mas pelas crianças que passam ali. Porque, se ele fez isso com a minha filha, ele faz com várias”, declarou Vander.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Vila Velha disse que o médico Alberto Chamovitz não atenderá mais na UPA de Riviera da Barra e em nenhuma outra unidade pública municipal.

O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que só se pronuncia depois de todos os procedimentos legais. Falou que todo paciente tem direito a denunciar e que o profissional denunciado tem garantido o direito de ampla defesa.

A Polícia Militar não passou informações sobre o caso.

Fonte: G1 ES