Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, cerca 1.370 óbitos provocados por infarto já foram registrados no Espírito Santo entre janeiro e setembro deste ano

Com a pandemia da covid-19, muitas pessoas deixaram de ir ao médico para fazer exames de rotina e abandonaram os hábitos saudáveis. Como consequência, o número de casos de problemas cardíacos cresceu. 

Somente neste ano, 1.374 óbitos provocados por infarto já foram registrados no Espírito Santo, entre os meses de janeiro e setembro. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), essa é a segunda maior causa de mortes no Estado, atrás apenas da covid-19.

O aposentado Francisco Lopes de Farias está entre os capixabas que convivem com um problema no coração. Ele teve um infarto em 2008, mas, segundo o aposentado, os primeiros sintomas apareceram uma semana antes. O problema, no entanto, não foi diagnosticado a tempo.

“Eu achei que era estômago. Fui parar no Pronto Atendimento e eles trataram como se fosse um problema de estômago”, relatou. 

Francisco precisou passar por uma angioplastia, uma cirurgia para a colocação de um stent, uma molinha que desobstrui a veia entupida. Desde o procedimento, o aposentado voltou à rotina. No entanto, em fevereiro deste ano, foi vítima de um segundo infarto.

“Comecei a sentir uma pressão forte no peito e uma pressão na nuca. Minha pressão foi a 5 por 4. Eu desmaiei e acordei no hospital. Fiz outra angioplastia”, disse.

Ele contou que sabe que precisa cuidar bem da saúde, mas não está praticando exercícios como deveria, por causa da pandemia do novo coronavírus. 

Assim como aconteceu com Francisco, a pandemia se tornou um obstáculo para muitas pessoas terem uma vida mais saudável. Muitas deixaram de fazer exercícios físicos, ganharam peso e, em alguns casos, deixaram até de voltar ao médico para exames de rotina. 

O cardiologista Edilson de Castro Araújo acredita que a pandemia pode ter contribuído para a propagação das doenças do coração.

“As pessoas pararam de fazer atividade física, pararam de ir à academia. Ao ficar em casa, os pacientes também passaram a comer mais. O ganho de peso, associado ao sedentarismo e à ansiedade, pode desencadear problemas no coração”, disse. 

Na última segunda-feira (18), o procurador da Câmara de Vereadores de São Gabriel da Palha, no Noroeste do Estado, Edson Zanotelli, morreu após ter um infarto fulminante dentro da sala onde trabalhava. 

Segundo o cardiologista, às vezes não é fácil diagnosticar o problema, porque não aparece nos exames de eletrocardiograma. O médico destacou que é importante manter uma rotina saudável, que inclui exercícios físicos, dieta balanceada e visitas periódicas ao médico.

Fonte: Folha Vitória