Polícia Civil investiga o caso. Hospital afirmou que leito para atendimento do jovem estava reservado.

A Associação Médica do Espírito Santo (Ames) criticou, nesta segunda-feira (2), o afastamento das médicas que seriam as responsáveis por receber o adolescente Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, que morreu no último sábado (30).

O jovem morreu após quatro horas de espera por atendimento dentro de uma ambulância, na porta do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.

Em nota divulgada nas redes sociais, a Ames repudiou a postura da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) por realizar, segundo o texto, um “pré-julgamento” das profissionais ao fazer um “afastamento sumário, sem processo administrativo disciplinar para apuração dos fatos”.

O secretário de Saúde do Espírito Santo, disse, nesta segunda, que houve negligência e omissão por parte das duas médicas responsáveis pelo plantão do hospital. Os nomes das médicas não foram divulgados.

“Por uma falha grave e inaceitável, as profissionais médicas intensivistas, com registro no Conselho de Medicina, com especialidade para atender o quadro do Kevin, se recusaram em admiti-lo no serviço de pronto-socorro na vaga que estava garantida ao adolescente. O governo está profundamente consternado”, disse Nésio em entrevista.

Kevinn Belo Tomé da Silva, de 16 anos, morreu depois de esperar por 4h na porta de hospital em Vila Velha — Foto: Reprodução/TV Gazeta

As médicas foram afastadas do trabalho no sábado. Em nota divulgada na noite do sábado, o Himaba já havia declarado que considera a conduta das profissionais “flagrante negligência médica”.

Segundo a instituição, havia estrutura e profissionais aptos a atender o menino e, por isso, a falha teria acontecido na condução do caso por parte das plantonistas.

Kevinn começou a passar mal em casa, na última segunda (25). Na quarta (27), ele foi internado em um pronto-socorro de Cachoeiro de Itapemirim, cidade em que morava com a mãe. Com o agravamento do quadro, ele precisou ser transferido para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e foi encaminhado para o Himaba, em Vila Velha, onde uma vaga havia sido reservada para ele.

No entanto, o adolescente morreu depois de passar quatro horas esperando dentro de uma ambulância para dar entrada no hospital. Segundo Nésio Fernandes, ele apresentava um quadro renal e complicações respiratórias.

O secretário afirmou que durante todo o tempo em que esteve na ambulância, Kevin sofreu uma parada cardíaca e acabou morrendo.

Ainda de acordo com Nésio, o plantão não foi tumultuado na madrugada do último sábado, havendo somente uma admissão de paciente entre 0h e 4h30. O secretário pontuou que, ao ser acionada, a direção do Himaba interferiu no caso de Kevin. No entanto, a essa altura, o adolescente já havia passado cerca de três horas esperando.

“A direção, quando acionada um pouco depois das 3h, interviu diretamente. A gerente assistencial, que estava em casa, foi até o hospital e em menos de 30 minutos a vaga foi garantida. De fato, existe um momento complexo onde a responsabilidade é dos médicos assistentes na porta do Pronto Socorro. A omissão, a negligência dessas profissionais infelizmente teve uma evolução catastrófica e inaceitável, que será devidamente apurada e responsabilizada”, ressaltou.

Investigação

O caso é investigado pela Polícia Civil após boletins serem registrados pelo Himaba e pela família de Kevin.

Até esta segunda, as duas médicas não haviam sido ouvidas pela autoridade policial. Segundo Nésio, há informação de que ambas estariam abaladas psicologicamente.

O Himaba também informou que fará uma representação junto ao Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) contra as duas médicas.

O CRM-ES, por sua vez, disse que vai abrir sindicância para apurar as responsabilidades.

Fonte: G1