PM de folga encontrou corpo de enfermeira grávida assassinada em Alfredo Chaves

Era outubro do ano passado quando a enfermeira Íris Rocha de Souza, de 30 anos, procurou a polícia e registrou um boletim de ocorrência contra um ex-namorado. No documento registrado quatro meses atrás, ela relatou que foi agredida pela primeira vez pelo fato de ter omitido uma informação sobre o seu trabalho.

Irritado, o companheiro teria dado um golpe chamado “mata-leão” nela, na própria cama do casal. O local não foi citado no documento.

Na ocasião, conforme declaração que consta no boletim de ocorrência, ela teria desmaiado.

Ao recuperar a consciência, já no chão do quarto, ela teria percebido que o nariz estava sangrando. Além disso, estava tossindo.

À época, Íris contou à polícia que o acusado estava ao seu lado. Em um dos trechos do boletim, que a reportagem de A Tribuna teve acesso, consta a declaração: “O autor estava próximo à vítima, ajudando a levantá-la, levou ao banheiro e deu um banho na vítima”.

Na sequência, segundo o documento, ele teria pedido perdão e o casal foi para a casa da família do acusado.

Horas depois, ela procurou a polícia. Na ocorrência, a vítima declarou ainda que já teria sido intimidada pelo acusado, com uma arma de fogo, no momento da raiva.

Ainda de acordo com o boletim, consta que a enfermeira teria dito que desejava acompanhamento psicológico, visita tranquilizadora, representar criminalmente em desfavor do autor, além de medida protetiva.

De acordo com informações de conhecidos da vítima, o namoro do casal durou apenas seis meses.

Durante o velório, amigos contaram que Íris, no período do namoro, chegou a mudar o comportamento. Eles relataram que ela passou a usar roupas mais cobertas, além de deixar de ter contato com amigos.

Caçada

A Polícia Civil informou na terça-feira (16) que ainda não havia informações sobre a motivação do crime e possíveis suspeitos.

Segundo a corporação, o caso segue sob investigação da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves e que para que apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada.

Policiais informaram à reportagem que equipes estão fazendo diligências na tentativa de identificar o autor ou autores do crime.

Caso:

Um policial militar de folga foi quem encontrou o corpo da enfermeira Íris Rocha, de 30 anos, assassinada na última quinta-feira (11), em Alfredo Chaves, região Serrana do Espírito Santo. A jovem estava grávida de 8 meses. 

O corpo foi encontrado em uma estrada de terra batida, que liga o município à cachoeira de Iracema, ponto turístico a cerca de 45 minutos de distância da cidade, em uma região de mata fechada e plantações de eucalipto. 

A propriedade particular mais próxima do local fica a 1 quilômetro de distância de  onde a jovem foi encontrada.

O local fica próximo a uma região conhecida como Carolina. Moradores relataram que costumavam caminhar pelas proximidades e que nada do tipo havia acontecido antes no local. 

Assim que localizou o corpo da enfermeira, o PM acionou a Polícia Civil, que compareceu ao local. A perícia constatou que a jovem foi morta com dois tiros no peito. 

O corpo da jovem estava coberto com cal, o que dificultou a identificação da vítima a princípio. A única pista era um cartão de crédito no bolso da enfermeira, com o nome “Íris R. Souza”. 

A jovem foi levada para o Departamento Médico Legal (DML) de Cachoeiro de Itapemirim, onde conseguiram entrar em contato com a família. Na última segunda-feira (11), a mãe de Íris, Márcia Rocha, fez o reconhecimento da filha

O corpo de Íris foi sepultado na tarde desta terça-feira (16), em um cemitério particular da Serra. A mãe pediu ajuda das pessoas para localizar suspeitos do crime. 

“A gente sofre muito como mãe, eu peço que denunciem para a polícia. Se tiver alguma coisa ou qualquer tipo de informação que possa levar ao criminoso”, disse emocionada. 

Ainda de acordo com ela, Íris, que fazia mestrado em enfermagem na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), era uma jovem trabalhadora e cheia de sonhos. 

“A Íris era uma filha maravilhosa e continua sendo. Ela sabe do carinho que está recebendo nesse dia tão difícil. Ela foi brutalmente assassinada. Era uma menina dedicada, estudiosa e trabalhadora. Era do bem”,

Fonte: Folha do ES