Além disso, a Junta Comercial do Estado registrou uma queda de 5% na abertura de novas empresas entre janeiro e esta quarta-feira

Com as restrições para o funcionamento do comércio durante mais de um mês no Espírito Santo, em função da pandemia do novo coronavírus, muitas empresas tiveram quedas acentuadas e receita e agora correm o risco de fechar. De acordo com a Junta Comercial do Espírito Santo, entre 1º de janeiro até esta quarta-feira (22), foi registrado um aumento de 7% no número de falências e uma redução de 5% na abertura de novas empresas. 

Nesse período, segundo a Junta Comercial, 2.320 empresas de todo o estado deram baixa no órgão, ou seja, deixaram de existir. No mesmo período do ano passado, foram 2.169. Os segmentos que mais registraram fechamento de empresas foram o comércio varejista do vestuário, restaurantes e lanchonetes.

Com relação à abertura de novas empresas, foram realizados 3.443 registros na Junta Comercial entre janeiro e esta quarta-feira, contra 3.617 no mesmo período de 2019.

Entretanto, para o presidente da Junta Comercial, Carlos Rafael, os percentuais estão dentro da média histórica e ainda não trazem os reflexos da redução na atividade econômica com a pandemia.

“As empresas que normalmente têm uma menor duração ou que sofrem baixas mais repetidas vezes são alguns segmentos que, pela própria natureza, são menos consistentes na sua concepção, formação e elaboração do negócio. Nós temos indústrias de vestuário, restaurantes, lanchonetes. Esse tipo de atividade é o que de maior número sofre, não só num momento de crise ou pandemia, mas no dia a dia, porque eles não têm uma duração muito bem definida, segundo nossas estatísticas anuais. Não está ligado somente à crise”, ressaltou Rafael.

Quem já sofreu este ano com a queda nas receitas foi a empresária Ana Cláudia Grobério. Das oito lojas de roupa para festa que sua família possui, uma já decretou falência. Já as demais tiveram que demitir metade dos funcionários e suspender o contrato de trabalho da outra metade, na tentativa de atravessar este momento de portas fechadas.

“A gente já entrou na crise com o fluxo de caixa difícil, como estava sempre, mas com as contas em dia. No momento, a gente já tem algumas contas em atraso, nós suspendemos o pagamento de fornecedores, suspendemos vários pagamentos de prestadores de serviços — sistema de computadores, essas coisas — porque a gente está tentando manter principalmente os funcionários e as contas menores — água, luz, telefone — para ver se, após a flexibilização a gente consegue reabrir”, afirmou.

A empresária sabe da importância do isolamento social para conter a transmissão do novo coronavírus, mas teme que o prolongamento da medida cause o fechamento de mais lojas da rede da família.

“No caso da minha loja, por causa do tipo de mercadoria, já que eu trabalho com moda festa, o mais difícil é que, embora o comércio seja flexibilizado, provavelmente os eventos ainda não vão ser liberados. Por isso, existe sim o risco de fechar em definitivo, ou seja, de pós reabertura do comércio, algumas lojas não voltarem a funcionar”, reconheceu.

Para o presidente da Junta Comercial, é inegável a angústia com o cenário de incerteza. No entanto, ele acredita que a decisão de seguir com isolamento social na Grande Vitória é acertada por ter base científica.

“Certamente será um momento de grande dificuldade para o nosso empresariado, para os nossos investidores, essa retomada. Mas acredito que, tanto nós não sabemos qual será ela, como o próprio empresariado também ainda não sabe exatamente como será esse recomeço a partir de agora”, frisou.

Fonte: Folha Vitória