A tilápia representa quase toda a produção de peixes cultivados no território capixaba. Atualmente, o ES produz 19,9 mil toneladas do peixe por ano. Segundo especialistas e órgãos ambientais, a tilápia, peixe de origem africana, é classificada como espécie exótica invasora por seu potencial de causar impactos negativos ao meio ambiente.

Uma eventual proibição do cultivo da tilápia no Brasil pode acabar com um setor que produz R$ 52 milhões por ano no Estado. Além de comprometer milhares de empregos ligados à piscicultura. Tudo porque a espécie pode ser classificada como invasora pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio).

Segundo especialistas e órgãos ambientais, a tilápia, peixe de origem africana, é classificada como espécie exótica invasora por seu potencial de causar impactos negativos ao meio ambiente. Embora criada em cativeiro, há registros de fugas para rios e represas. Nesses locais, a espécie pode acabar competindo por alimento com peixes nativos. Além disso, pode se alimentar de ovos e larvas de espécies locais e alterar o equilíbrio ecológico. E ainda tem a alimentação das tilápias em viveiros. Muitas vezes é rica em fósforo, o que pode deteriorar a qualidade da água dos reservatórios naturais.

A tilápia representa quase toda a produção de peixes cultivados no território capixaba e sustenta tanto grandes produtores quanto agricultores familiares. Atualmente, o Espírito Santo produz 19,9 mil toneladas de tilápia por ano, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura. O município de Linhares concentra 44% desse volume, com destaque para viveiros escavados, tanques e sistemas de recirculação.

A cadeia gera renda para centenas de famílias, das quais 70% são de base familiar, e abastece o mercado local e interestadual. Algumas indústrias inclusive precisam importar tilápia de outros estados para atender à demanda crescente.

Associação preocupada com proposta

Em comunicado, a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) disse acompanhar com extrema preocupação a proposta. Umas vez que sua fundamentação carece de debate técnico amplo e de estudos atualizados e imparciais. “Decisões dessa magnitude não podem desconsiderar o impacto socioeconômico para milhares de famílias que vivem da piscicultura”, aponta. 

O setor teme que a proposta da Conabio, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, leve à paralisação de uma cadeia produtiva consolidada. A medida discute incluir a tilápia — espécie de origem africana — na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras, o que poderia restringir ou proibir o cultivo no país. Para especialistas, o risco ambiental é mínimo, pois a maior parte da produção ocorre em ambientes controlados e licenciados.

Produção de tilápia em expansão

A piscicultura capixaba cresceu 7,25% em 2024 e se tornou referência em eficiência e inovação. O Estado exporta tilápia para 14 países, entre eles Ilhas Marshall, Libéria, Panamá e Cingapura. O avanço tecnológico, com monitoramento da água e manejo sustentável, consolidou a cultura como atividade de baixo impacto ambiental e alta relevância econômica.

Além de movimentar o agronegócio, o setor amplia oportunidades de exportação e fortalece a segurança alimentar regional. A tilápia capixaba chega também a mercados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, aproveitando a vantagem logística do Estado e a boa infraestrutura portuária. Entretanto, os produtores enfrentam entraves como o licenciamento lento e a falta de indústrias de beneficiamento, que limitam a agregação de valor ao produto.

Nesse sentido, se a proibição avançar, os impactos para o Espírito Santo serão imediatos. O Estado perderia competitividade no mercado nacional, comprometeria exportações e enfraqueceria um setor que alia sustentabilidade, tecnologia e geração de renda. Mais do que um debate ambiental, a discussão sobre a tilápia coloca em jogo o futuro de uma das cadeias mais sólidas da economia capixaba.

Fonte: Folha Vitória