2.604 pessoas desapareceram em 2024 em todo o Espírito Santo, segundo dados da Secretaria Segurança Pública e Defesa Social (Sesp). Saiba como registrar o caso e ajudar a polícia a localizar desaparecidos.
Em todo o ano de 2024, 2.604 pessoas desapareceram no Espírito Santo, o equivalente a sete registros por dia, em média. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp) e também mostram que a maioria dos desaparecidos são adolescentes entre 12 a 17 anos, o que representa 19,9% do total dos casos.
O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, mas que foi divulgado no ano passado, mostrou que o estado segue entre os seis primeiros com o maior número de desaparecidos em todo o país, sendo o estado da Região Sudeste com a maior taxa pelo segundo ano seguido.
O Espírito Santo fica atrás do Distrito Federal, Roraima, Rondônia e Rio Grande do Sul e Mato Grosso, com uma taxa de 63,3%. Isso significa que são, em média, 63,3 ocorrências de pessoas desaparecidas para cada grupo de 100 mil habitantes.
Pessoas desaparecidas
Estado | Taxa de desaparecidos por 100 mil habitantes |
Distrito Federal | 92,1 |
Roraima | 81,4 |
Rondônia | 68,6 |
Rio Grande do Sul | 68,2 |
Mato Grosso | 66,1 |
Espírito Santo | 63,3 |
Ainda de acordo com a Sesp, o número de desaparecimentos registrados em 2024 representou 5% de aumento em relação ao ano anterior: em 2023, foram 2.483 casos de desaparecidos.
Um dos motivos para esse número elevado de desaparecimentos, segundo a polícia, está relacionado ao envolvimento com o tráfico de drogas, incluindo dos casos de adolescentes.
Segundo o delegado titular da Delegacia Especializada de Pessoas Desaparecidas (DEPD), Luiz Gustavo Ximenes, outro motivo pode estar relacionado com o esquecimento de algumas famílias de darem baixa nas ocorrências mesmo depois da pessoa ter sido encontrada.
“No caso de desaparecimento de crianças e adolescentes, a taxa é alta muitas vezes por causa de conflitos familiares e problemas com as drogas. Então, já pensando nisso, a gente trabalha em cooperação com o Conselho Tutelar, para que ele acompanhe cada caso”, relatou.
Para o delegado, a tecnologia tem ajudado no trabalho para encontrar os desaparecidos, e cada detalhe que a família lembre é essencial na hora de fazer a ocorrência.
“É fundamental reforçar que as famílias não precisam esperar 24h de desaparecimento para registrar a ocorrência. Assim que a pessoa desaparecer, a família precisa ir até a delegacia mais próxima e fazer um boletim com o máximo de informações, todos os detalhes possíveis. E depois ir para a Delegacia de Pessoas Desaparecidas, e de lá começa a investigação. Hoje, a gente analisa as imagens de câmera de segurança, de videomonitroamento, redes sociais, entra em contato com as empresas também. Tudo para ajudar a coletar o maior número de informações que ajudem a encontrar a pessoa”, relatou.
Perfil dos desaparecidos
Os dados da Secretaria de Segurança Pública do ES apontam que a maioria dos desaparecidos no estado são homens (59,6%) e pardos (42,90%).
Os jovens representam a maior parte dos desaparecidos, com 19,9% dos casos entre 12 a 17 anos e 10,3%, entre 18 a 24 anos.
A Região Metropolitana de Vitória concentra o maior número de desaparecidos, com 1.534 casos, seguido da Região Norte, com 421; Região Sul, com 274; Noroeste, com 226; e Serrana, com 149.
Do total dos desaparecidos, apenas 445 pessoas foram localizadas, o que representa 17,1% dos casos. Desses, 408 foram encontrados vivos.
Apenas na Grande Vitória, foram registradas 455 casos de desaparecidos e a polícia localizou 395 pessoas, ou seja, mais de 80% dos casos foram solucionados.
Mais do que números
Fica sem notícias do parente que está desaparecido é angustiante. Um sentimento que a família do Bryan Santos Brambati, 17 anos, vivencia desde o dia 23 de novembro de 2024, quando o jovem foi visto pela última vez. Câmeras de segurança de um bar registraram o adolescente em um bar em Vila Velha, na Grande Vitória.
Depois disso, ele não foi mais visto. O pai do adolescente, Antônio Carlos Ribeiro, relembrou os últimos momentos com o filho.
“Ele trabalhou comigo naquele dia e depois disse que ia cortar o cabelo. Eu e a mãe dele fomos para um show e, por volta das 22h, até conseguimos falar com ele por chamada de vídeo, mostramos que estávamos curtindo o show. Depois, voltamos para casa e, no dia seguinte, ele não estava mais lá. Ligamos e ele não atendia e começou a bater o desespero”, narrou o pai.
Na época, moradores do bairro São João Batista, onde ele cresceu, fizeram um ato pedindo informações.
“A DHPP de Vila Velha recebeu algumas informações e compareceu ao local localizado em Vila Velha, mas não logrou êxito em localizar o corpo do adolescente Bryan. Mas nós conseguimos identificar todas as pessoas que estavam no bar e estamos fazendo as oitivas com elas. Todas essas testemunhas estão sendo intimadas e as investigações continuam para que a gente possa localizar o paradeiro dele”, disse o delegado Luiz Gustavo Ximenes.
Fonte: G1