Arranjos Produtivos completa dois anos e alcança 20 mil agricultores
Mais de um milhão de mudas entregues e mais de 20 mil agricultores familiares beneficiados em todo o Espírito Santo ao longo dos dois anos do projeto Arranjos Produtivos. Desenvolvida pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) desde 2023, a iniciativa abrange 27 municípios capixabas e já alcança todas as regiões do estado.
Além das entregas, destacam-se também as orientações técnicas realizadas diretamente nas propriedades rurais cadastradas. O foco é a diversificação das culturas e a sustentabilidade do processo produtivo. Os agricultores recebem instruções sobre a forma correta de cada plantio, dicas para melhoramento do solo e o estilo de poda que cada cultura precisa.
O presidente da Ales, deputado Marcelo Santos (União), destaca que o conhecimento levado aos produtores é o bem mais valioso do projeto. “Não é só entregar uma muda, não é só entregar um calcário, não é entregar uma estufa, por exemplo, no plantio do morango. O mais importante é levar conhecimento. O conhecimento vai muito além de uma muda, muito além de um calcário que visa tirar a acidez do solo. O conhecimento vai fazer o agricultor, em especial, da agricultura familiar, produzir mais e melhor e com menos”, avalia o presidente.

Ao fortalecer a agricultura familiar, a iniciativa impulsiona o setor que é uma das bases da economia do Espírito Santo. De acordo com estimativas da Secretaria de Estado de Agricultura (Seag), as terras capixabas têm mais 108 mil propriedades rurais, das quais 75% são de agricultura familiar. Ramo que conta com uma força de trabalho superior a 200 mil pessoas.
Prêmio nacional
O trabalho realizado pelo projeto ganhou reconhecimento nacional. Em dezembro de 2024, o Arranjos Produtivos foi campeão do prêmio Assembleia Cidadã, da União dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), na categoria “Projetos Especiais”.
De acordo com o presidente Marcelo Santos, o plano é ampliar a quantidade de municípios participantes. “Queremos avançar cada vez mais, aprofundando conhecimentos e estendendo o projeto para todos os municípios capixabas, pois esse empreendimento se tornou referência no país, sendo premiado nacionalmente”, destacou o presidente.

Forma de participação
O projeto Arranjos Produtivos é conduzido pela Secretaria da Casa dos Municípios da Ales, com apoio do governo do Estado e das prefeituras municipais.
A participação tem início mediante adesão das prefeituras e a formação, em cada município, de um Conselho de Governança, composto por produtores e técnicos. Esse colegiado auxilia no diagnóstico, identificando as culturas atuais e definindo os potenciais de acordo com a região, visando diversificar a produção.
“O projeto atende às características de cada município. Se o local é bom para o cultivo de café, entregamos muda de café. Se os nossos técnicos identificam que é um bom lugar para frutas cítricas, podemos entregar laranja, limão ou tangerina, por exemplo”, explica o coordenador técnico Douglas Gasparetto.

O projeto abrange culturas como cacau, café, laranja, limão, acerola, uva e morango. Entre os equipamentos entregues aos agricultores estão caixas para produção de mel, sistemas de hidroponia e estufas para cultivo de morangos.
Em Alegre, na Região Sul, as culturas selecionadas foram café, maracujá, goiaba e cana. Em Colatina, na Região Noroeste, citrus, morango, horticultura e acerola. Já em Conceição da Barra, no norte capixaba, cacau, hortaliça, pimenta e café.
Por causa da parceria com o governo do Estado, os agricultores também têm acesso a serviços como: atendimento com o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes) e Sebrae.
Resultados
Com várias entregas e orientações técnicas, agricultores familiares atendidos pela iniciativa já estão colhendo resultados expressivos.
Em Itapemirim, por exemplo, o mês de julho foi marcado pelas primeiras colheitas de maracujá na plantação do agricultor Jordão Caetano de Souza. O produtor recebeu 700 mudas de maracujá no final de 2024, assim como orientações durante o plantio, o cultivo e a colheita. A estimativa é para que, em um ciclo de até três anos, ele alcance uma meta de 30 mil quilos de polpa da fruta.
“Aproveitei a oportunidade e está tudo dando certo. Sempre fui otimista e optei pelo maracujá por causa do clima seco que temos por aqui. O resultado está muito satisfatório. Agradeço à Assembleia Legislativa e a todos os responsáveis pelo projeto pela oportunidade”, disse o agricultor familiar.

Em Mantenópolis, o destaque fica por conta da produção de mel. Cerca de um ano depois da entrega das caixas de apicultura, os agricultores começaram a saborear bons resultados.
Em Vila Valério, na Região Noroeste do Espírito Santo, os resultados estão aparecendo no plantio de hortas pelo sistema de hidroponia – técnica de cultivo sem o uso da terra, em que as mudas ficam em estruturas elevadas recebendo os nutrientes necessários pela água.
A secretária da Casa dos Municípios da Ales, Joelma Costalonga, valoriza o impacto que a medida tem causado para as famílias atendidas. “O projeto Arranjos Produtivos está produzindo vida nas comunidades, nas associações, nos assentamentos, no meio do nosso povo”, comemorou.

Morango vira atração
No município de Colatina, o principal destaque do Arranjos Produtivos é a produção de morangos em estufa. As estruturas oferecidas pelo projeto foram montadas no ano passado e também já estão apresentando ótimos resultados.
Na comunidade de São Pedro Frio, por exemplo, o cultivo de morangos mudou a rotina de uma família liderada pela dona Sueli Mesquita e o marido dela, o agricultor Edemir Mesquita. Os dois montaram uma estufa de morango no quintal e já fizeram as primeiras colheitas.

“Quando falaram da possibilidade de cultivar morango por aqui, nós ficamos um pouco desconfiados, porque Colatina é um município quente. Sempre ouvimos que morango é para lugares frios. Com a orientação dos técnicos, fazendo tudo direitinho, a gente viu que é possível”, explicou Sueli.
“O cultivo de morango é valioso porque agrega valor a vários setores. Além da fruta fresca, os produtores também podem trabalhar com outros produtos, como a geleia, tortas e bolos. O morango também tem capacidade de fortalecer o agroturismo, porque em vários lugares os turistas visitam para fazer a colheita do morango”, explicou Wagner Canal, coordenador técnico do projeto.
Orientação para Agroindústrias
Outra frente de atuação do projeto é a consultoria para a abertura e licenciamento de agroindústrias familiares. Atualmente essa ação é realizada em cerca de 70 agroindústrias dos 27 municípios parceiros do projeto.
“A consultoria trabalha por meio de demanda. Os produtores podem demandar a nossa consultoria e eu vou realizando meu trabalho. Nós temos uma demanda muito grande”, detalhou Alessandra Vasconcelos, subcoordenadora do projeto Arranjos Produtivos.

Em Itapemirim, por exemplo, a consultoria resultou na regularização de agroindústrias que atuam na produção de queijos, manteigas e iogurte.
“A consultoria do projeto foi muito importante, eu agradeço pela consultoria e pelas informações. Tivemos orientação em várias coisas, como na rotulagem e na planta do projeto. Antes era uma queijaria velha e construímos uma nova. O plano agora é aumentar a produção, aumentar as vendas e seguir em frente”, agradeceu o produtor de queijos Fábio Silveira.
Fonte: Ales