Unidade passará a se chamar Professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, em homenagem a uma das educadoras vítima do Massacre de Aracruz

No mês em que se comemora o Dia dos Professores, a Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) aprovou, no último dia 7 de outubro, o Projeto de Lei (PL) 450/2025, de autoria da deputada estadual Camila Valadão (PSOL), que vai mudar o nome do Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (CEEMTI) Professor Fernando Duarte Rabello, no bairro Santa Helena, em Vitória, para CEEMTI Professora Flávia Amboss Merçon Leonardo.

A iniciativa homenageia a professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, uma das vítimas do massacre ocorrido em 25 de novembro de 2022 em Aracruz, que vitimou três educadoras e uma estudante. Flávia, além de professora, era pesquisadora e ativista do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com trajetória marcada pela defesa dos direitos humanos e da justiça socioambiental.

Segundo a deputada Camila Valadão, a mudança do nome da escola tem grande impacto social e político. “Dar à escola o nome de Flávia é preservar a memória de uma educadora que dedicou sua vida à formação cidadã e à defesa de direitos. É também transformar o espaço escolar em um lugar de resistência, de luta pela vida e contra todas as formas de violência”, afirmou a parlamentar.

O projeto também revisita a atual denominação da escola, que homenageia Fernando Duarte Rabello, ex-reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) nomeado durante a ditadura militar, em substituição a um gestor exonerado por razões políticas. Em sua posse, Rabello declarou alinhamento ao regime de repressão e autoritarismo, o que, segundo Camila, confronta os princípios democráticos e de direitos humanos.

“Não faz sentido que uma escola pública continue homenageando uma figura associada ao autoritarismo e à ditadura, enquanto temos educadoras como Flávia, que são exemplos de compromisso com a democracia, a educação e os direitos humanos”, destacou.

Bacharel e Mestre em Ciências Sociais pela UFES, Flávia era doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além disso, foi uma professora dedicada e uma pesquisadora comprometida com a defesa dos direitos de populações pesqueiras afetadas por desastres socioambientais. Seu livro “Imprensados na crise: A gestão das afetações no desastre da Samarco (Vale-BHP)”, fruto da sua tese de doutorado, foi lançado postumamente pelo MAB em 2024.

O Projeto de Lei nº 450/2025 seguirá agora para sanção do governador. Além dele, a parlamentar também fez indicação ao governo para que as professoras Cybelle Passos Bezerra Lara e Maria da Penha de Melo Banhos, professoras da Escola Primo Bitti também vítimas do atentado, sejam homenageadas.

“Nomear uma nova unidade escolar com o nome de uma dessas educadoras significa não apenas um gesto simbólico de reparação, mas também a valorização de uma memória que se recusa esquecer. É manter viva a presença dessas mulheres que acreditavam em uma educação pública de qualidade, inclusiva e transformadora”, concluiu Camila.

Fonte: portal Colina Notícias