A pesquisa pioneira no Brasil sobre o controle da Febre do Oropouche avança em Alfredo Chaves, município escolhido como sede dos estudos por conta dos casos da doença em 2024. Os estudos, com aplicação de inseticidas em áreas com focos de maruins, acontecem na comunidade de Quarto Território. Em agosto teve início a segunda fase da pesquisa, que se estende até o fim de outubro deste ano.

Segundos os pesquisadores, os inseticidas estão sendo aplicados de forma otimizada, buscando comprovar resultados consistentes. A expectativa é que os dados subsidiem regras claras e seguras para o controle dos maruins em áreas rurais do Brasil e fora dele.

O projeto é desenvolvido em parceria com a Fiocruz, Embrapa, Governo do Estado e Prefeitura de Alfredo Chaves.

Entenda o processo da pesquisa

A febre do Oropouche, até pouco tempo restrita à região amazônica, se espalhou pelo Brasil em 2024, registrando surtos em diversos estados, inclusive no Espírito Santo. Entre os municípios capixabas, Alfredo Chaves se destacou pelo maior número de casos: foram 1.289 registros confirmados entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025. O pico ocorreu em novembro, consolidando a cidade como um dos principais pontos de atenção do país diante da doença.

Diante desse cenário, o Ministério da Saúde escolheu Alfredo Chaves como local-sede para o início de um projeto pioneiro de controle da doença, desenvolvido em parceria com a Fiocruz, Embrapa, Governo do Estado e Prefeitura. A iniciativa ganhou relevância e já desperta interesse da comunidade científica internacional, posicionando o município no centro de um estudo que pode definir protocolos globais para conter a disseminação do vírus.

Quarto Território: área escolhida para testes

O trabalho começou em fevereiro de 2025, quando equipes técnicas foram a campo para conhecer a realidade local e traçar um plano de ações. A área escolhida para os experimentos foi o Quarto Território, região com alta concentração de maruins – insetos transmissores do vírus.

As ações de curto prazo tiveram foco nos maruins adultos, responsáveis pelas picadas em humanos. Para combatê-los, pesquisadores utilizaram inseticidas já empregados no controle do mosquito da dengue. Após testes em laboratório comprovarem a eficácia do produto, ele foi aplicado em campo de três formas diferentes, em ciclos semanais, durante cerca de 80 dias. Os resultados orientaram a definição do método mais eficiente de aplicação.

Pesquisa avança

Com base nessa análise, em agosto teve início a segunda fase da pesquisa, que se estende até o fim de outubro de 2025. Nela, os inseticidas estão sendo aplicados de forma otimizada, buscando comprovar resultados consistentes. A expectativa é que os dados subsidiem regras claras e seguras para o controle dos maruins em áreas rurais do Brasil e fora dele.

Já as ações de médio e longo prazo concentram esforços em impedir que os maruins cheguem à fase adulta. Para isso, armadilhas foram instaladas em plantações de banana no Quarto Território, monitoradas quinzenalmente. O objetivo é mapear os locais de maior reprodução dos insetos e, a partir daí, testar substâncias capazes de eliminar as larvas sem causar desequilíbrios ambientais.

A pesquisa exige tempo, cautela e integração entre diferentes áreas da ciência, mas especialistas acreditam que os resultados obtidos em Alfredo Chaves serão fundamentais para a formulação de estratégias internacionais de enfrentamento da febre do Oropouche, uma doença que deixou de ser amazônica e passou a ser uma preocupação global.

Fonte: Secom