O carrapito, uma mistura perfeita entre o caldo da cana-de-açúcar, o mamão e o toque especial do gengibre, é o carro-chefe da produção familiar e um símbolo da cultura rural local. É também o único doce do tipo produzido na região.
Na comunidade de Vila Nova do Ribeirão, no interior de Alfredo Chaves, o cheiro doce que toma conta do ar denuncia: é dia de fazer carrapito. No sítio da família Bravim, tradição e sabor caminham juntos há mais de um século. O casal Adevaldo e Rosana Bravim segue à risca uma receita trazida pelos avós italianos, que chegaram à região no final do século XIX e trouxeram com eles o costume de transformar o caldo de cana em um doce único e irresistível.
O carrapito, uma mistura perfeita entre o caldo da cana-de-açúcar, o mamão e o toque especial do gengibre, é o carro-chefe da produção familiar e um símbolo da cultura rural local. É também o único doce do tipo produzido na região, o que faz da família Bravim a guardiã dessa tradição.
Tudo é feito de forma artesanal, com o cuidado e a dedicação de quem aprendeu desde cedo o valor do trabalho no campo. A cana é cultivada, colhida e moída no próprio sítio, e o processo segue como era feito pelos antepassados: o caldo é fervido lentamente em grandes caldeirões aquecidos a lenha, até atingir o ponto exato. Só então entram o mamão e o gengibre, que dão sabor e aroma característicos ao doce.
Depois de pronto, o carrapito é resfriado, cortado em pedaços e cuidadosamente embalado pela própria família. O destino são os comércios da região, onde o doce é vendido e muito procurado por quem já conhece o sabor da tradição. “Temos vários pedidos, mas não conseguimos ampliar por falta de mão de obra. Quem prova o doce sempre compra novamente, ele tem valor afetivo. Muitos lembram do tempo de infância”, conta Rosana.
Além do carrapito, o casal também produz melado de cana e açúcar mascavo – todos com a mesma dedicação e respeito às origens. Mas é o carrapito que faz brilhar os olhos de quem visita o sítio: “É o nosso doce preferido, e também o que mais representa a nossa história”, conta Rosana, enquanto mexe o caldeirão com a colher de cabo longo, gesto repetido há gerações.
Uma vez por semana, a rotina no sítio é toda dedicada à produção do doce. É um dia inteiro de trabalho, calor e cheiro de cana fervendo. Um dia que, para a família Bravim, é mais do que uma jornada produtiva, é uma celebração à memória dos antepassados e à força da agricultura familiar que segue adoçando a vida e preservando o sabor do tempo.
Fonte: Secom


















































