Internos do Centro de Recuperação Evangélico “Getsêmani” viviam em condições precárias e eram obrigados a trabalhar na cidade
Uma clínica irregular de recuperação será interditada em Piúma, no Litoral Sul do Espírito Santo, a pedido da Justiça do Estado. A decisão foi divulgada nesta sexta-feira (19) pelo Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), que pediu a interdição imediata do Centro de Recuperação Evangélico “Getsêmani” devido a diversas iregularidades e violações de direitos cometidas.
Os problemas foram descobertos após uma visita técnica realizada pelas secretarias municipais de Assistência Social e Saúde, que apuraram a ausência de equipe especializada na instituição, condições de higiene precárias, alimentação insuficiente e falta de documentação básica para funcionamento, como alvará sanitário e estatuto social.
Segundo denúncias relatadas na ouvidoria do MPES e por um ex-interno, o Centro também promovia a exploração de mão de obra dos internos, que eram obrigados a trabalhar como pedreiros e vender chaveiros na rua, vestidos com uma camisa escrito “Getsêmani”.
Além disso, também ocorria a apropriação de benefícios dos residentes (como aposentadoria e Bolsa Família), retenção de documentos pessoais, imposição de castigos físicos, ameaças para impedir a saída voluntária e fornecimento de alimentos com o prazo de validade vencido.
O Centro já havia sido interditado administrativamente duas vezes pela Prefeitura de Piúma, porém manteve as atividades reabrindo em novo endereço. O caso foi configurado como violação à dignidade e aos direitos fundamentais, ferindo uma população vulnerável.
Com as atividades suspensas, o local também está proibido de admitir novos residentes. O Estado ficou responsável pela realocação dos internos, que serão levados para instituições adequadas ou de volta para as famílias. Em caso de descumprimento da decisão da Justiça, os responsáveis pelo estabelecimento deverão pagar uma multa diária de R$ 10 mil.
A reportagem tenta localizar a defesa do do Centro de Recuperação Evangélico Getsêmani. O espaço segue em aberto para manifestação.
Fonte: A Gazeta